Quais os benefícios da madeira? Por que razão devemos considerá-la?
- Leticia Pena
- 15 de fev. de 2017
- 3 min de leitura

Uma cultura construtiva se consolida a partir dos costumes de um povo, da mistura de hábitos de gerações que construíam para seus filhos que construíam para os netos. De fato, uma cultura construtiva está tão fortemente atrelada ao imaginário da população que é quase automática a associação do termo “lar” ou “casa” ao comum de uma sociedade ou aglomerado social. Por exemplo, casas de famílias norte-americanas são completamente diferentes de casas do sudeste asiático assim como são diferentes de casas brasileiras.
No Brasil existe uma cultura construtiva muito bem consolidada em preceitos pouco técnicos. A maioria das construções é feita com alvenaria convencional de tijolos cerâmicos e concretos igualmente convencionais. Existem inúmeras razões sociológicas para que a cultura brasileira se dê desta maneira, a sensação de segurança que uma casa de alvenaria traz remete de maneira quase cômica à fábula de “Os três porquinhos”. No entanto, fica claro que a cultura construtiva de uma sociedade dentre inúmeros fatores vem de uma sabedoria geral da população. Em geral se constrói apenas com concreto armado. Uma das razões a que se deve esse hábito construtivo observado nos brasileiros é a falta de conhecimento ou mesmo a ausência completa de qualquer informação a respeito de métodos construtivos diferentes – embora o aço venha ganhando força no mercado construtivo de grande porte – o pequeno construtor ainda prefere construir sem grandes inovações e o próprio consumidor prefere que se mantenham os padrões desta maneira.
Em verdade, o processo construtivo adotado usualmente tem suas vantagens. É de execução conhecida, os blocos cerâmicos estão em constante mudança e o Brasil especialmente leva vantagem por ter grandes áreas de extração de sua matéria prima, a argila. Apesar dos impactos ambientais causados pelo entulho gerado pela derrubada de estruturas formadas de aço, concreto e blocos cerâmicos já são de longe os resíduos com maior número de opções de reciclagem. No entanto, quando pensamos em métodos viáveis de construção, o atual hábito construtivo brasileiro não denota as reais opções mais promissoras tanto em questões ambientais quanto no que diz respeito ao custo de oportunidade de uma construção unifamiliar ou até mesmo para construções de grande porte.
Uma das oportunidades mais promissoras que se apresentam na região norte do Brasil é a chance que temos de construir com a madeira local, que tem manejo legalizado e é de grande abundância. Apresenta um conforto térmico peculiar e esteticamente agrada muito mais e tem aspecto leve e natural.
Dentre as qualidades da madeira podemos citar de maneira rápida os seguintes aspectos:
A madeira, em relação ao aço e ao concreto, tem muito maior resistência ao fogo e não perde suas capacidades de resistência ainda que danificada parcialmente;
Devido ao seu peso próprio reduzido, exige fundações mais baratas;
É abundante não só na região norte do país como também em outras áreas em que há manejo de florestas, reduzindo seus custos;
Tem manutenção mais simplificada e menor custo com a energia e força de trabalho de execução da obra.
Dentre as dificuldades de se construir com madeira, estaria o fato de que não há meios de se obter a madeira que se possa ser aplicada de prontidão nas obras, quando as peças de madeira tem função estrutural, o que acaba por encarecer a obra. Em compensação, sua manutenção é mais simples e demanda menos produtos. Quando comparada ao concreto, geralmente a madeira tem patologias mais previsíveis que a do concreto comum.
De fato, devemos nos dar conta de que é necessário estar atualizado e atento às necessidades, potencialidades e limitações de nossa região de modo a não desperdiçar um potencial grande como o madeireiro local e fugir do lugar comum das construções de concreto que em grande parte não atendem às necessidades do cidadão do norte que sofre com problemas sérios de conforto térmico devido às altas temperaturas, acústica e ventilação em uma região isolada por árvores de todos os lados.
Fontes consultadas
Culturas construtivas tradicionais, a condição do tempo e as duas memórias de bergson. Disponível em http://www.revistas.usp.br/posfau/article/viewFile/48203/52038. Acesso em 14/02/17.
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